segunda-feira, 26 de novembro de 2007

O Pecado da Ingratidão

Ler Salmo 92 e Rom 1:17-23
Introdução
- Razão de estarmos aqui.
- Diferença entre dar graças e louvar:
- LOUVAR – Reconhecer a Deus pelo que Ele é!
- DAR GRAÇAS – Reconhecer a Deus pelo que Ele fez, faz e fará!


1. Gratidão agrada a Deus – Salmo 92:1

1. É comandada por Ele – Fil. 4:6

2. Cristo deu o Exemplo – Mt. 11:25; 26:27; João 6:11 e 11:41
Eucaristia – Ações de Graças. Fazei isso em memória de mim. O relacionamento do agradecimento com a memória, com a lembrança do que foi feito. (Atos 24:3, eucaristia traduzida como gratidão, no contexto coloquial)

3. As hostes celestes estão envolvidas – Apo 4:9; 7:11, 12; 11:16, 17

2. A Expressão da Gratidão REAL Vai Além das Palavras – Revela-se nas AÇÕES

O ponto principal é reafirmado por Jesus Cristo, em Mt. 7.21-22. OUVIR a Palavra de Deus não é o fim da jornada. O teste real é fazer a vontade de Deus (v. 24 – todo aquele que ouve as minhas palavras e as põe em prática).

É, portanto, possível que estejamos aqui, no meio de um “culto de ação de graças” mas com vidas e ações que não refletem a gratidão que dizemos professar. Como já disse alguém: O que você faz fala tão alto que não me deixa ouvir o que você diz.

O Catecismo de Heidelberg (escrito em 1563 para servir às necessidades das igrejas reformadas. Heildeberg – Alemanha, capital das províncias palatinas. 1517 – Lutero (34); 1536 – Calvino (27). Príncipe Frederico III; Gaspar Oleviano (26) – pregador; Zacarias Ursino (28) – professor na universidade; escrito para os jovens). Dividido em três partes PECADO (SIN), SALVAÇÃO (SALVATION) e SERVIÇO (SERVICE). Em sua terceira parte (ele é todo dividido, também, em domingos, ou seja, no 22º domingo), as perguntas 86 e 87 dizem o seguinte:

Perg. 86 Desde que somos libertos de nossa situação de miséria somente pela Graça, através de Cristo, sem nenhum mérito de nossa parte, porque temos de praticar as boas obras?
Resposta: Porque Cristo, tendo nos redimido por seu sangue, também nos renova, por seu Santo Espírito, em sua própria imagem, de tal forma que:
1. Com a totalidade de nossa vida possamos demonstrar que somos gratos a Deus por seus benefícios,
Rom 6.13; 12.1,2; 1 Pe 2.5-9; 1 Co 6.20

2. para que ele possa ser louvado por nós.
Mt 5.16; 1 Pe 2.12

3. Em adição a isso, para que cada um de nós possa ter a segurança própria de sua fé, pelos frutos que ela produz.
2 Pe 1.10; Mt 7.17; Gl 5.6, 22

4. Finalmente, para que, por intermédio do nosso santo caminhar, nossos próximos possam também ser ganhos para Cristo.
1 Pe 3.1, 2; Rm 14.19

Perg. 87 Podem, portanto, aqueles que não se voltam a Deus e continuam em suas vidas perversas e ingratas, serem salvos?
Resposta: De modo nenhum, pois as Escrituras declaram que nenhum impuro, idólatra, adúltero, ladrão, avarento, beberrão, caluniador, roubador e outros de comportamento semelhante, poderão herdar o Reino de Deus.
1 Cor 6.9; Ef. 5.5, 6; 1 Jo 3.14

Confissão de Fé de Westminter (1643-1649) – Catecismo Maior

Perg. 97 De que utilidade especial é a lei moral aos regenerados?
Resposta: Embora os que são regenerados e crentes em Cristo sejam libertados da lei moral, como pacto de obras, de modo que nem são justificados nem condenados por ela; contudo, além da utilidade geral desta lei comum a eles e a todos os homens, é ela de utilidade especial para lhes mostrar quanto devem a Cristo por cumpri-la e sofrer a maldição dela, em lugar e para bem deles, e assim provocá-los a uma gratidão maior e a manifestar esta gratidão por maior cuidado de sua parte em conformarem-se a esta lei, como regra de sua obediência.
Rm 6.14 e 7.46 Gl 4.4-5 Rm 3.20 e 8.1, 34 e 7.24-25
Gl 3.13-14 Rm 8.3-4 2 Co 5.21
Cl. 1.12-14 Rm 7.22 e 12.2 Tt 2.11-14

Esses dois símbolos de fé paralelos mostram que gratidão é demonstrada em comportamento que agrada a Deus, pela conformação com a Lei de Deus.

3. Ingratidão é a característica do ímpio (Rom. 1:21) mas, com freqüência, é encontrada no meio do Povo de Deus (Jo 1.11).
Como é evidenciada, na prática, a ingratidão?
1. Considerando pouco o que Deus faz por nós. Num 16.9 e 10
2. Esquecendo dos benefícios que Deus fez em nossas vidas. Sl 78.16-17; 27-32.
3. Esquecendo a Deus exatamente por causa das bênçãos que Ele nos concede. Deut 8.12; 32.6, 15, 18, 13.
4. Levando a pecados maiores – Esquecimento e ingratidão geram idolatria. Ju 2.11-12.
5. Provocando um sentimento que se amplia contra os servos fiéis de Deus. Ju 8.34-35; 1 Sm 8.7-8
6. Com abandono – Deus, esquecido, nos entrega às nossas paixões, aos falsos deuses. Ju 10.11-14.
7. Com uma reversão das prioridades de vida – Os ingratos são “amantes de si mesmos”. 2 Tm 3.2

Exemplos de Ingratidão – de homem para com homem.
1. Gn 40.23 (o copeiro c/ José)
2. Ex 16.3; 17.24; Nm 16.12-14 (o povo de Israel para com Moisés)
3. Ju 8.35 (o povo para com Gideão)

4. Conclusão:
Deus, com supremo amor, vem apelando à memória do Seu povo, contra ingratidão, para que o julgamento não caia sobre nós. Mq 6.3-4.

Gratidão, é lembrança. Ingratidão, esquecimento, memória curta, reversão de rumo e de prioridades. Temos noventa por cento de ingratidão no incidente dos leprosos curados em Lucas 17.11-19.

Quanta gratidão genuina será que Deus encontra em nossas vidas? O que encontramos na vida das pessoas, nos dias de hoje? Felicidade, contentamento, gratidão? Não...
Protestos
Demonstrações
Violência
Revolta
Quanto mais as pessoas se afastam da prática da fé cristã, mais a sociedade se revela amoral, perversa e ingrata.

O crente não vive movido pelas circunstâncias fluidas ao seu redor, pela ausência de padrões, existente no mundo, pela inconstância das pessoas, mas pela fé genuína enraizada no coração.

Quando estivermos participando da Santa Ceia, vamos nos lembrar que ela é uma festa de ação de graças, nos relembrando que em Cristo, Deus nos concede livremente todas as coisas (Rm 8.32).

Que Deus seja servido em nos livrar do pecado da ingratidão. Que não tenhamos memória curta. Que corramos para reparar os nossos erros, que nos ajoelhemos diante do trono da Graça, suplicando a Deus o nosso perdão pela ingratidão demonstrada em nossas vidas. Que procuremos os nossos irmãos, contra os quais fomos ingratos, maldizentes, esquecidos. Que sejamos exemplos de gratidão e serviço. Que participemos da Santa Ceia com a consciência tranqüila e em paz com Deus.

Fonte: http://www.solanoportela.net/sermoes/pecado_ingratidao.htm

Lei vs. Graça: Os Dez Mandamentos e a Graça de Deus

A conversão e o ensinamento de Paulo.

Sl 119.4 - "Tu ordenaste os teus mandamentos, para que os cumpramos à risca".

Os Dez Mandamentos representam a forma objetiva de Deus indicar o que espera de cada um de nós. Deus não nos deu uma religião subjetiva, cujas doutrinas dependem da cabeça de cada um, mas ele nos escreveu objetivamente a sua palavra. Nessa palavra, na Bíblia, ele nos revelou a sua Lei Moral - sua vontade eterna às suas criaturas, refletindo a sua majestade e santidade.

Nos Dez Mandamentos conhecemos nossos limites e nossas obrigações. Comparando nossa vida, nossos desejos e inclinações com a Lei Santa de Deus, compreendemos a extensão de nossa pecaminosidade e verificamos que a salvação procede só de Jesus, pelo seu sacrifício supremo na cruz do Calvário.

Já vimos como Jesus resumiu os Dez Mandamentos em amar a Deus e ao próximo. Muitos têm procurado dissociar essa afirmação de Jesus do caráter objetivo dos Dez Mandamentos. Afinal, dizem esses, Jesus está falando simplesmente de amor, um sentimento subjetivo, e não do simples cumprimento objetivo da lei. Um autor inglês, Joseph Fletcher, desenvolveu toda uma visão ética construída em cima do que poderíamos chamar de "casuísmo cristão" (tomou o nome de ética situacionista). Fletcher defendeu que não existem regras absolutas mas o comportamento certo ou errado depende da situação. Em sua filosofia, o único ponto de aferição a ser seguido é - "aja de forma a demonstrar o máximo de amor possível". Essas palavras, que parecem boas e cristãs, são extremamente perigosas, pois cada um passa a ser juiz de suas próprias ações e sempre poderá racionalizar comportamentos pecaminosos apelando para uma ou outra suposta forma de amor demonstrado, nem que seja o amor por si próprio.

Contrariando essa filosofia, o conceito bíblico de amor se expressa em obediência e abnegação. Essa obediência não é a uma lei intangível, indescritível, ou subjetiva, dependente da interpretação individual de cada um, mas à lei objetiva de Deus. É o próprio Jesus que esclarece e determina, em João 14.21: "Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama..."

Neste capítulo, vamos estudar o que aconteceu com Paulo e qual o seu ensinamento, conforme os relatos do livro de Atos (8.1-3 e 9.1-22) e pelos seus pronunciamentos, no livro de Romanos (capítulos 3 e 7).

A visão de Paulo, antes da sua conversão.

Do seu próprio ponto de vista, Paulo, antes de sua conversão (na ocasião ainda chamado Saulo), acreditava que estava zelando pela lei de Deus, perseguindo os cristãos. Sua visão da lei era uma visão distorcida, fruto de uma religião equivocada. Sem ter sido ainda tocado pelo Espírito Santo de Deus ele estava cego, espiritualmente.

Atos 7.54-8.1 relata esse tempo conturbado da vida daquele que viria ser o apóstolo dos gentios e o grande expositor bíblico. Sua visão anti-cristã o levou a cometer muitos crimes. Ele participou do apedrejamento de Estevão e foi um ativo perseguidor de muitos cristãos, como lemos em Atos 8.3 e 9.1-2.

A compreensão da lei de Deus de todos aqueles que estão sob o domínio de Satanás, envolvidos com falsas práticas religiosas, é uma visão distorcida. Ela serve de desculpas para as práticas mais absurdas, amorais e cruéis. O próprio Paulo escreveu, sobre as pessoas sem Deus, em Romanos 1.22 "...inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos". Ele tinha convicção disso na sua própria pele, havia experimentado quão Satanás é enganador e usurpador da lógica espiritual. Convicto de exercitar zelo, havia perseguido inocentes, mulheres, crianças - aqueles devotados à adoração verdadeira, ao culto ao Deus soberano. Somente a graça, o amor e a misericórdia de Deus poderia cobrir essa multidão de pecados e apagar a amargura profunda dessa lembrança. E assim ocorreu (Fl 3.13).

A falta de visão de Paulo, durante a sua conversão.

Deus arrancou Paulo do pecado através da experiência relatada no livro de Atos (9.3-19), a qual bem conhecemos. Durante três dias ele, que havia sido cego, espiritualmente, foi acometido de cegueira física - talvez simbolizando o seu estado espiritual. Nesse período ele teve bastante oportunidade para meditar. Foi, posteriormente, orientado por Ananias.

Mas Deus transformou Saulo em Paulo. De um perseguidor, ele tornou-se o grande apóstolo, propagador e defensor do Evangelho. Podemos imaginar a confusão em sua cabeça: todas as suas convicções estavam sendo subvertidas. Todas as suas premissas estavam sendo demonstradas falsas. Todos os seus objetivos de vida estavam sendo modificados.

O texto bíblico nos diz que o Senhor enviou Ananias para que Paulo recuperasse a vista e ficasse cheio do Espírito Santo (9.17). Era o Espírito Santo, agora, que, além de recuperar a visão de Paulo, iria coordenar todo o conhecimento que ele havia absorvido ao longo das prioridades verdadeiras da vida. Era o Espírito Santo que o iria instruir, possivelmente utilizando os "dias com os discípulos" (9.19), nos detalhes da fé verdadeira que agora abraçava. Era o Espírito Santo que o iria inspirar a escrever suas cartas, nas quais somos instruídos sobre a compreensão correta da lei de Deus.

A nova visão de Paulo, depois de sua conversão.

Se estudássemos apenas o registro histórico da conversão de Paulo, não chegaríamos a compreender a importância da Lei de Deus, nesse processo e durante toda a sua vida. Entretanto, quando lemos o que Paulo escreveu posteriormente, passamos a compreender muito sobre qual era a visão paulina a respeito da Lei, visão essa que enfatiza a validade da lei moral de Deus a todas as eras.

Por exemplo, em Romanos 3.20, lemos "... ninguém será justificado diante dele por obras da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado". A primeira validade da lei é fornecer o "pleno conhecimento do pecado", condição necessária ao arrependimento verdadeiro. Em Romanos 7.7, Paulo reforça a validade da Lei para nos levar à uma conscientização plena do pecado e de nossa dependência da misericórdia do Deus Criador: "que diremos, pois? A lei é pecado? De modo nenhum. Mas eu não teria conhecido o pecado, senão por intermédio da lei; pois não teria eu conhecido a cobiça, se a lei não dissera: Não cobiçarás".

Além da validade revelativa, sobre a nossa natureza pecaminosa e sobre a santidade de Deus, Paulo ensina que a lei não é anulada pela fé. A lei moral de Deus providenciava o rumo à vida de Paulo, e assim deve ser para nós. Em Romanos 3.31 ele antecipa as indagações de seus leitores e faz a pergunta retórica: "Anulamos, pois, a lei pela fé?"; respondendo a seguir com uma negativa enfática: "Não, de maneira nenhuma, antes confirmamos a lei". Os preceitos eternos de Deus, a sua lei moral, reflexo de sua santidade e infinita retidão, continua sendo a nossa bússola, a forma objetiva e explícita de relacionar os nossos deveres para com Deus e para com o nosso próximo.

Não é de admirar que Paulo chegue a uma conclusão que difere bastante da falta de apreciação da lei de Deus que encontramos na teologia de tantos movimentos contemporâneos. Em Romanos 7.12 ele fecha o que vem expondo e desenvolvendo desde o capítulo 3: "Por conseguinte; a lei é santa; e o mandamento, santo e justo e bom".

Não é descartando a validade da lei moral que vamos nos aproximar mais de Deus. Não é substituindo a objetividade da lei por um subjetivismo nocivo e aleatório, supostamente fundamentado em um grau maior de espiritualidade, que vamos agradar a Deus. Estaremos compreendendo a visão que Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, quer transmitir, quando começarmos a enxergar os problemas em nós próprios e não na santa lei de Deus. Assim poderemos exclamar, como ele, em Romanos 7.14: "Porque bem sabemos que a lei é espiritual; eu, todavia, sou carnal, vendido à escravidão do pecado..."

A Lei de Deus Hoje - Afinal, estamos sob a lei, ou sob a graça de Deus?

Muitas interpretações erradas podem surgir de um falho entendimento das declarações bíblicas sobre esta questão. Com efeito, Paulo ensina que "não estamos sob a lei mas sob a graça" (Romanos 6:14). Mas o que quer dizer "não estar sob a lei de Deus?" Perdeu ela a sua validade? É apenas um registro histórico? Estamos em uma situação de total desobrigação para com ela? Vamos apenas subjetivamente, "amar", sem direcionamento ou ações concretas que comprovem este amor?

Devemos relembrar os múltiplos aspectos da "lei de Deus", conforme já estudamos no capítulo anterior: Lei Civil ou Judicial, Lei Religiosa ou Cerimonial e Lei Moral. Se considerarmos que os três aspectos apresentados da lei de Deus são distinções bíblicas, podemos afirmar:

" Não estamos sob a Lei Civil de Israel, mas sob o período da Graça de Deus, em que o evangelho atinge todos os povos, raças tribos e nações.

" Não estamos sob a Lei Religiosa de Israel, que apontava para o Messias, foi cumprida em Cristo, e não nos prende sob nenhuma de suas ordenanças cerimoniais, uma vez que estamos sob a graça do evangelho de Cristo, com acesso direto ao trono, pelo seu Santo Espírito, sem a intermediação dos sacerdotes.

" Não estamos sob a condenação da Lei Moral de Deus, se fomos resgatados pelo seu sangue, e nos acharmos cobertos por sua graça.

" Não estamos, portanto, sob a lei, mas sob a graça de Deus, nestes sentidos.

Entretanto ...

" Estamos sob a Lei Moral de Deus, no sentido de que ela continua representando a soma de nossos deveres e obrigações para com Deus e para com o nosso semelhante.

" Estamos sob a Lei Moral de Deus, no sentido de que ela, resumida nos Dez Mandamentos, representa a trilha traçada por Deus no processo de santificação, efetivado pelo Espírito Santo em nossas pessoas (João 14:15). Nos dois últimos aspectos, a própria Lei Moral de Deus é uma expressão de sua Graça, representando a objetiva e proposicional revelação de Sua vontade.

É verdade, portanto, que, nos sentidos acima, não estamos sob a lei, mas sob a graça de Deus. Devemos cuidar, entretanto, para nunca entender essa expressão como algo que invalida a lei de Deus aos nossos dias. Mais importante, ainda, devemos cuidar para não transmitir conceitos falsos e não bíblicos, estabelecendo um contraste inverídico entre a lei e a graça, como se ambos não procedessem de Deus.

Teologicamente, chamamos de antinomianismo, a filosofia que expressa total independência das pessoas para com a lei de Deus; que declara a invalidade dela para os nossos dias. Muitos ensinamentos no campo evangélico são, na prática e em essência, antinômios e totalmente subjetivos - ou seja, desprezam a lei de Deus, negam a sua validade e colocam a interpretação subjetiva de cada um acima das determinações objetivas reveladas por Deus, na Bíblia. Quando os reformadores defenderam a expressão Sola Scriptura - somente as escrituras - estavam reafirmando exatamente isso, que devemos sempre nos prender à objetiva revelação de Deus em sua palavra, e não nas especulações ou tradições dos homens.

Quando examinamos a lei de Deus sob esses aspectos, muitas perguntas são pertinentes e devem ser individualmente respondidas. Será que temos a percepção correta de nossas obrigações para com Deus e para com o nosso próximo? Será que prezamos adequadamente a lei de Deus? Será que estamos utilizando o fato de estarmos "sob a graça" como desculpa para desprezarmos a lei de Deus? Será que a nossa compreensão é aquela abrigada pelos padrões confessionais, como nas perguntas do Catecismo Maior, que temos estudado?

O que diz o Catecismo Maior de Westminster (pergunta 99)?

P. 99. Que regras devem ser observadas para a boa compreensão dos dez mandamentos?
R. Para a boa compreensão dos dez mandamentos as seguintes regras devem ser observadas:
1a. Que a lei é perfeita e obriga a todos à plena conformidade do homem inteiro à retidão dela e à inteira obediência para sempre; de modo que requer a sua perfeição em todos os deveres e proíbe o mínimo grau de todo o pecado.
Ref.: Sl 19.7, Tg 2.10; Mt 5.21,22

·2a. Que a lei é espiritual, e assim se estende tanto ao entendimento, à vontade, aos afetos e a todas as outras potências da alma - como às palavras, às obras e ao procedimento.
Ref.: Rm 7.14; Dt 6.5; Mt 22.37-39 e 12.36,37.

·3a. Que uma e a mesma coisa, em respeitos diversos, é exigida ou proibida em diversos mandamentos.
Ref.: Cl 3.5; 1Tm 6.10; Pv 1.19; Am 8.5

·4a. Que onde um dever é prescrito, o pecado contrário é proibido; e onde um pecado é proibido, o dever contrário é prescrito; assim como onde uma Pro­mes­sa está anexa, a ameaça contrária está inclusa; e onde uma ameaça está anexa a promessa contrária está inclusa.
Ref.: Is 58.13; Mt 15.4-6; Ef 4.28; Ex 20.12; Pv 30.17; Jr 18.7-8; Êx 20.7

·5a. Que o que Deus proíbe não se há de fazer em tempo algum, e o que ele manda é sempre um dever; mas nem todo o dever especial é para se cumprir em todos os tempos.
Ref.: Rm 3.8; Dt 4.9; Mt 12.7

·6a. Que, sob um pecado ou um dever, todos os da mesma classe são proibidos ou mandados, juntamente com todas as coisas, meios, ocasiões e aparências deles e provocações a eles.
Ref.: Hb 10.24,25; 2Ts 5.22; Gl 5.26; Cl 3.21; Jd 23

·7a. Que aquilo que nos é proibido ou mandado temos a obrigação, segundo o lugar que ocupamos, de procurar que seja evitado ou cumprido por outros segundo o dever das suas posições.
Ref.: Êx 20.10; Lv 19.17; Gn 18.19; Dt 6.6,7; Js 24.15

·8a. Que, quanto ao que é mandado a outros, somos obrigados, segundo a nossa posição e vocação, a ajudá-los, e a cuidar em não participar com outros do que lhe é proibido.
Ref.: 2Co 1.24; 1Tm 5.22; Ef 5.11

Fonte: http://www.solanoportela.net/palestras/lei_graca.htm

Perigos para uma Igreja que Perdeu a Noção da Graça de Deus

Ler Gl 1.3-9
Introdução:

A. Salmo 66.20 - "Bendito seja Deus, que não me rejeita a oração, nem aparta de mim a sua graça."

B. Graça - Favor não merecido; medida da glória de Deus que é derramada sobre o Seu povo; refletida em devoção genuína e dependência só em Deus, através de Cristo Jesus.

C. Três tipos de Igrejas que perderam a noção da Graça de Deus:

1. As que substituíram a Graça pelas obras e ações - Exemplo: os Católico Romanos. Aplica-se Rm 11.6: "Mas se é pela graça, já não é pelas obras; de outra maneira, a graça já não é graça".

2. As que se prenderam à letra da lei e da doutrina, mas a preservam morta, sem arrependimento e conversão, sem o mover do Espírito, e se afastam da Graça. Exemplos: Igrejas históricas da Escócia, da Europa, do Canadá, que viraram museus e estão definhando, cheias de mundanismo. Apresentam atitude e crença semelhante à dos Fariseus - doutores da lei, sem a Graça. Aplica-se Mt 23.29-34 "Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque edificais os sepulcros dos profetas e adornais os monumentos dos justos..." (29) - mostra o suposto apreço pela história e tradições, mas, nos demais versos, a rejeição da mensagem de Deus.

3. Aquelas que se julgam cheias da Graça, mas prendem-se a sinais externos e artificiais para medir o seu progresso. Essas estão em todo o lugar, apregoam avivamentos, demonstram crescimento. Queremos tratar, mais especificamente, dessa terceira categoria

D. Este terceiro tipo, propaga aos quatro ventos que estamos experimentando um avivamento. Estamos, atualmente, experimentando um avivamento - perante tantos números, sinais e maravilhas? Será que isso é a verdadeira manifestação da Graça de Deus? Será que nós estamos afastados da Graça de Deus, ou será que a maioria do segmento evangélico perdeu a Noção da Graça de Deus?

E. As notícias que correm o mundo sobre o Brasil:

1. Vejamos a chamada de um "Relatório de Reavivamentos", assim é chamado - Colocado na Internet pelos evangelistas ingleses Bill e Barbara Cassada (Lion's Heart Ministry). Eles falam da programação da viagem que empreenderão ao Brasil:

· A primeira parada será em Rio De Janeiro, Pastor Joel da Costa Pereira, da Comunidade Evangélica Projeto Vida, 2.500 membros.

· Em Manaus, igreja de 18,000 membros ( 9 anos, células), pastor Rene Terranova. "Fomos informados de um grande reavivamento que está ocorrendo lá. Eles nos pediram para trazer mais unção".

· Em Santarém, igreja com 14,000, pastor Abe Huber.

· Em Belém, igreja de 20,000 membros, pastor Josue Bengstom.

Essa é a imagem divulgada do Brasil, no exterior.

2. Mas não é somente isso. De recebedores, entretanto, viramos exportadores do "reavivamento" dos sinais e maravilhas. Estamos verdadeiramente exportando a "graça de Deus"?

Estado Unidos
Este relatório é de uma igreja Norte-americana. Vejam a influência das ocorrências no Brasil:

"O reavivamento atual será marcado pelos milagres, pelos sinais e maravilhas.... Acontecerá por causa da expectativa de nossos espíritos e porque deixaremos o rio fluir... Estou mais e mais convencido que nós somos os sinais e maravilhas. Não somente experimentaremos sinais e maravilhas; nos tornaremos sinais e maravilhas para o mundo. Creia nisso e una-se a isso, porque está acontecendo ao nosso redor. Na medida em que progredimos no nosso reavivamento podemos esperar muitos sinais diversos, procedentes dos céus. Quando começamos nossa campanha de inverno, em 1998, começamos a experimentar algo novo. Pó de ouro começou a aparecer na face das pessoas, em suas mãos, em suas roupas. No início não víamos isso na quantidade que desejávamos, mas quando Deus faz algo e nós reconhecemos, ele faz mais". [1]

"Uma mulher santa, do Brasil, chamada Silvania [2] , esteve duas vezes em nosso acampamento, em 1998 e em 1999. No processo de cura de quatro tipos de câncer, óleo começou a fluir sobrenaturalmente do seu corpo. Posteriormente, pó de ouro apareceu em sua face e no topo de sua cabeça. Todas as vezes que ela louva e adora, este fenômeno ocorre. Os seus pastores, no Brasil, juntam os flocos de ouro e ungem a testa dos doentes e dos necessitados. Muitos milagres ocorrem". [3]

"Uma manhã... mostramos o vídeo do Brasil, do pó de ouro. Depois do culto, uma das senhoras foi ao banheiro e trocou de roupa, para voltar às sua casa. Ela ouviu algo cair no chão e pensou que era o broche. Quando apanhou o objeto que havia caído no chão, ficou espantada: era uma pepita de ouro. Ela não voltou para casa. Trouxe a pepita de volta à reunião para que todos pudessem ver e se alegrar com aquilo. Quando Deus envia algo sobrenatural ao nosso meio, ele merece toda a glória". [4]

3. Reino Unido
Da Inglaterra, um relatório, distribuído por todo o mundo, com a chamada "Reavivamento no Brasil" diz o seguinte: "Milhares de pessoas estão se convertendo diariamente. As revistas, a televisão, os programas de rádio e os jornais estão comentando sobre o crescimento das igrejas. Mudanças sociais estão sendo realizadas pela influência da igreja. Atualmente existem mais cristãos evangélicos no Brasil do que em toda a Europa". [5]

O documento continua, com o subtítulo - "É um Reavivamento?" "Visitando o país com alguns líderes ingleses, alguns anos atrás, me perguntaram: 'você acha que o que está acontecendo no Brasil, hoje, é um reavivamento?' Eu entendo a razão da pergunta", continua o relatório, "eles observavam como o país está lutando com problemas morais e sociais. Se você liga a televisão, você identifica logo pornografia como um grande problema, a Nova Era cresce ao lado da Igreja. Se você considerar, portanto, a definição tradicional de um reavivamento, talvez você tenha dificuldade com o cenário brasileiro. Não existe uma percepção aguçada do pecado, na sociedade. Não existe impacto da personalidade de Jesus, no todo da comunidade". Parece queos autores estão recobrando a lucidez, mas logo verificamos que não é assim, pois o relatório continua: "Mas podemos dizer que existe um processo em andamento na Argentina, na Coréia, no Brasil e em alguns países da África. As igrejas estão mudando e existe uma resposta progressiva ao trabalho do Espírito Santo...".

O mesmo relatório passa a tratar, agora, dos sinais de reavivamento na Inglaterra. "Há dez anos começamos a observar, nas igrejas brasileiras, as mesmas manifestações do Espírito Santo que vemos agora na Inglaterra. Pessoas caindo no espírito; algumas vezes tremendo. Alguns sinais muito fora do comum, como pessoas recebendo dentes de ouro (isso ocorreu a milhares de pessoas, durante meses), pó de ouro caindo dos crentes, óleo aromático fluindo das mãos de pessoas em oração, etc. Entretanto, tudo isso era parte do processo que Deus estava desenvolvendo dentro da igreja. Ele levou a igreja a sair dos portões e a convidar milhares e centenas que foram sendo salvos. Apesar de não vermos multidões sendo salvas, atualmente, reconhecemos que o mesmo processo ocorrido no Brasil está acontecendo aqui. A presença de Deus se manifesta de norte a sul e existe uma avidez maior para se ir aos perdidos..."

E. A manifestação da Graça de Deus e o reavivamento genuino não pode ser produzido por homens, nem que seja acompanhado por essas manifestações contemporâneas que estamos presenciando. Pelas realizações de curas, de quedas, de sopros, do gargalhar desenfreado, do riso - cognominado "bênção".

F. Mas o que dizer das curas que são proclamadas? Não serão evidências da Graça de Deus, de reavivamento? Ou será que a ênfase intensa nisso não significa que se procuram outras coisas além da Graça de Deus? Observemos alguns relatos:

Fenômeno 1 : José Eliezer, sofredor há quatro anos de dores de colunas e hérnia de disco, depois de recorrer a vários médicos decidiu participar de uma corrente de cura, quando desapareceram todos os sintomas e dores. [6] (Relato registrado pela Igreja Universal do Reino de Deus)

Fenômeno 2 : Gladys Solórzano tinha sinusite, úlcera, taquicardia, pesadelos constantes, além do vício da bebida. Tudo foi resolvido "quando resolveu dar uma chance para Deus agir na sua vida" [7] e passou a participar de uma comunidade cujos líderes agiram diretamente sobre seus problemas. (Relato registrado pela Igreja Universal do Reino de Deus)

Fenômeno 3 : Dona Edvônia da Silva possuía um tumor no pâncreas. Os médicos atestaram a gravidade de sua situação e preparavam-se para uma melindrosa operação. Em fevereiro de 1996 havia feito um exame por ultra-sonografia constatando a extensão do problema. Em maio de 1996, Dona Edvônia, cansada do tratamento convencional e temerosa quanto aos seus resultados, passou por uma "profunda experiência espiritual". Seus problemas físicos desapareceram. O retorno aos médicos e os exames subseqüentes mostraram que ela não possuía mais nenhuma lesão no órgão previamente afetadohavia sido milagrosamente curada. (cura espírita supostamente realizada pelo Engenheiro Rubens de Faria Jr., o mais recente brasileiro a se apresentar como o recebedor da reencarnação genuína do Dr. Fritz, suposto médico alemão do século passado, que já teria estado presente na vida dos famosos e já falecidos Zé Arigó, de Minas Gerais, e do médico Edson Queiroz, de Pernambuco)

Fenômeno 4 : A pessoa que foi instrumental na cura de Dona Edvônia também está relacionada com o retorno à plena visão de Dona Natalina. Esta, cega há três anos, recobrou a visão após vários encontros espirituais. Num desses, viu uma forte luz adentrando o quarto. Após essa experiência espiritual, voltou a ver. (idem, cura espírita, suposta do DR. FRITZ)

Fenômeno 5 : Em 1990, Daniela Cristina da Silva foi internada no hospital Emílio Ribas, em coma. Os médicos declararam que ela corria risco de vida. Após orações realizadas pela família, que também seguiu as orientações de um religioso, ela saiu da UTI em 11 dias, sem seqüelas. Oito anos depois ainda goza de boa saúde. [8] (cura do campo católico romano, supostamente realizada pelo falecido FREI GALVÃO).

G. Vemos que a realização de curas e maravilhas, em si, não representa atestado de autenticidade da Graça de Deus e de existência de um reavivamento. Pouca diferença existe entre os fenômenos acima descritos, mas claramente três deles procedem de campos antagônicos à pessoa e à mensagem de Cristo.

H. A Grande Ironia e Contradição: Procura-se, hoje, o inusitado, como evidência do trabalhar do Espírito, da Graça de Deus, mas ao mesmo tempo, procura-se operar o reavivamento por passos realizados por pessoas. Multiplicam-se os "times de reavivamento"; os "encontros de reavivamento". Exatamente aqueles que proclamam e parecem depender mais e mais do sobrenatural, são os que apresentam o reavivamento como a aplicação de uma receita, pré estabelecida e aplicável em qualquer local do mundo.

Exposição:

Positivamente - Como procurar a GRAÇA DE DEUS? Como não perder a noção da Graça de Deus?

Da mesma forma como aqueles que procuram identificar uma nota falsa se esmeram no estudo da verdadeira, creio que a melhor resposta para estudarmos os chamados reavivamentos contemporâneos está no exame da Palavra de Deus, especialmente daqueles trechos que registram reavivamentos, ou a chamada advinda de Deus à uma aproximação maior com a Sua Pessoa. Nesse Sentido, queremos chamar a atenção para uma palavra contida na profecia do profeta Joel. Joel = Jeová é Deus. 835 A.C. O livro parece preceder o cativeiro e provavelmente foi escrito durante o reino do Rei Joás. Calamidade pública = forte seca e uma devastadora praga de gafanhotos. Joel identifica isso como um castigo pelos pecados do povo, mas conclama o povo a enxergarem bem mais embaixo e bem mais acima.

Mais embaixo , para a profundidade de suas almas e do seu pecado individual para com Deus. Mais acima, para a justiça e poder, mas também para a soberania e misericórdia do Deus amoroso. O profeta trata também do DIA do SENHOR, no sentido de julgamento e do Deus que cumpre os seus propósitos na história.

Joel 2.11-18

11 O SENHOR levanta a voz diante do seu exército; porque muitíssimo grande é o seu arraial; porque é poderoso quem executa as suas ordens; sim, [porque - "ki"] grande é o Dia do SENHOR e mui terrível! Quem o poderá suportar?

12 ¶ Ainda assim, agora mesmo, diz o SENHOR: Convertei-vos a mim de todo o vosso coração; e isso com jejuns, com choro e com pranto.

13 Rasgai o vosso coração, e não as vossas vestes, e convertei-vos ao SENHOR, vosso Deus, porque ele é misericordioso, e compassivo, e tardio em irar-se, e grande em benignidade, e se arrepende do mal.

14 Quem sabe se não se voltará, e se arrependerá, e deixará após si uma bênção, uma oferta de manjares e libação para o SENHOR, vosso Deus?

15 Tocai a trombeta em Sião, promulgai um santo jejum, proclamai uma assembléia solene.

16 Congregai o povo, santificai a congregação, ajuntai os anciãos, reuni os filhinhos e os que mamam; saia o noivo da sua recâmara, e a noiva, do seu aposento.

17 Chorem os sacerdotes, ministros do SENHOR, entre o pórtico e o altar, e orem: Poupa o teu povo, ó SENHOR, e não entregues a tua herança ao opróbrio, para que as nações façam escárnio dele. Por que hão de dizer entre os povos: Onde está o seu Deus?

18 ¶ Então, o SENHOR se mostrou zeloso da sua terra, compadeceu-se do seu povo

1. A noção da GRAÇA de DEUS abrange a percepção do Julgamento do Deus Soberano dos Exércitos (v. 11).

11 O SENHOR levanta a voz diante do seu exército; porque muitíssimo grande é o seu arraial; porque é poderoso quem executa as suas ordens; sim, [porque - "ki"] grande é o Dia do SENHOR e mui terrível! Quem o poderá suportar?

11- Julgamento de Deus. A percepção da imensidão do pecado e da santidade de Deus: ponto precedente da chamada ao avivamento. O Dia do SENHOR - Julgamento e bênçãos: imenso e terrível. Deus, em controle completo dos seus exércitos, de sua criação. Queremos, mesmo, estar na presença de Deus? Temos a percepção de nossos pecados? O verso fala de Jeová e indica, referindo-se na terceira pessoa, que "o executor" (em nossa tradução "quem executa") de suas ordens é poderoso.

Quem pode suportar o Dia do Senhor? A resposta é óbvia - ninguém, a não ser aquele que é possibilitado por Deus. Desejamos mesmo avivamento?

Dia do Senhor - no caso, aqui, uma referência ao julgamento em progresso da parte de Deus sobre o Seu Povo, naquela ocasião (seca e praga de gafanhotos). Mas ao lermos todo o texto, verificamos uma dimensão maior, um julgamento maior, uma visitação mais extensa (Possivelmente aquilo que chamamos de dupla perspectiva, em profecia, como é evidente em Joel 2.28-32, cumprido em At 2.16-21). Nesse sentido, Dia do Senhor = Dia de julgamento - (Is 13.10-13; Na 1.5,6; Jr 10.10; Mt 24.29; Mk 13.24-25). Quem pode suportar o julgamento do Senhor? É como se o profeta dissesse - "vocês não viram nada ainda! Nada se compara ao julgamento final do Senhor!" Mas com a visão do julgamento vem a chamada ao arrependimento, emitida pelo próprio Deus...

2. A noção da GRAÇA de DEUS implica em contrição pessoal, intensa e genuína, ao Deus de Misericórdia (vs. 12-14).

12 ¶ Ainda assim, agora mesmo, diz o SENHOR: Convertei-vos a mim de todo o vosso coração; e isso com jejuns, com choro e com pranto.

12 - Ainda assim - mesmo que o julgamento pareça inevitável; mesmo que as condições pareçam impossíveis; mesmo que o curso dos eventos pareça incontornável. A praga dos gafanhotos tinham o propósito de fazer o povo refletir na sua conduta para com o Senhor. O anúncio do grande dia de julgamento e todo o seu pavor tinha como propósito produzir arrependimento e conversão - resultando em Glória ao nome do Deus de Misericórdia e no bem para o Povo de Deus arrependido. Após a ameaça, uma convocação! Agora mesmo - sem retardamento, sem desculpas, sem protelações. Diz o Senhor - é ele que comanda, que chama, que comissiona: julgamento, mas livramento vêm dele. Convertei-vos a mim: mudança de curso, mudança de direção. Em que direção, agora? A mim! O que tem que ser convertido? O coração - no conceito bíblico, o centro do nosso intelecto e emoção, e não somente parte dele, mas todo (1 Sm 7.3; Dt 6.5)! Como será essa conversão? De que maneira? Haverá risos? Com jejuns - com concentração total na procura a Deus; com choro - indicador de arrependimento sincero; com pranto - choro copioso e intenso. Não verificamos semelhança com as reuniões contemporâneas, nas quais se dizem existir a manifestação da Graça de Deus - cheias de risos e gargalhadas; cheias de irreverência; cheias de superficialidade; cheias de supostas "maravilhas". A manifestação da GRAÇA de DEUS não é "pó de ouro", pepitas de ouro, muito menos curas, sinais e maravilhas.

13 Rasgai o vosso coração, e não as vossas vestes, e convertei-vos ao SENHOR, vosso Deus, porque ele é misericordioso, e compassivo, e tardio em irar-se, e grande em benignidade, e se arrepende do mal.

13 - A contrição não pode ser meramente externa ("vestes"). O rasgar de vestes era um sinal externo comum, mas o profeta avisa para que o povo não se apegue ao sinal externo de contrição. Quantas vezes, nos nossos dias, reavivamento tem sido identificado com sinais externos, mas Deus espera conversão interna, no Seu Povo, para que sejam renovados e bem habilitados (Ml e Lc). Deus espera que o coração seja aberto, dilacerado ("rasgai o vosso coração" - Sl 51.19; Ez 36.26). Mais uma vez, a chamada à conversão "ao Senhor, nosso Deus". As características desse nosso Deus, fornecem o motivo de se procurar tal conversão, de se ter tal expectativa: ele é misericordioso, compassivo, tardio em irar-se, grande em benignidade e nem sempre executa o julgamento que seria o curso natural ("se arrepende do mal"). O julgamento é iminente. Ele é apropriado. Ele é justo. Ele procede do Deus todo poderoso. Ele é mortal. Mas ele é executado pelo justo juiz que detém o poder e a prerrogativa de sustá-lo.

O termo "arrependimento", utilizado com relação a Deus, não tem o mesmo significado dele utilizado com relação às pessoas. A dissociação é estabelecida por Números 23.19: "Deus não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que se arrependa. Porventura, tendo ele dito, não o fará? ou, havendo falado, não o cumprirá?" Os homens, os filhos dos homens, mentem - dizem uma coisa e fazem outra; ou se arrependem - (o mesmo sentido) dizem que farão uma coisa e fazem outra; Deus é diferente. Ele é perfeito. Ele é soberano. Ele diz e faz; ele fala e cumpre; ele tem um plano e executa. Quando A Palavra, portanto, diz que ele se arrepende; não é arrependimento no significado do termo para descrever ações dos filhos dos homens; neste, muitas vezes, o conceito de "remorso" está contido. Significa aparente mudança de curso de ação; significa colocar em prática as prerrogativas de perdão, de retenção de julgamento. Em todo e qualquer caso mesmo o "arrependimento", a mudança do curso de ação, estava contemplada em seus planos insondáveis e maravilhosos. No caso, aqui, significa a expectativa de que o julgamento, mesmo justo e devido, não fosse executado

14 Quem sabe se não se voltará, e se arrependerá, e deixará após si uma bênção, uma oferta de manjares e libação para o SENHOR, vosso Deus?

14 - "Quem sabe..." não temos direitos ou prerrogativas. O pecador merece a condenação e o julgamento. Mas o próprio apelo lançado pelo próprio Deus é o raio de esperança. A Graça de Deus não é provocada ou trazida como uma "receita de bolo", como indicava Finney, mas é um ato soberano de Deus. O aspecto de incerteza ao homem, é revelador dessa soberania básica. [9] Note a expressão semelhante, utilizada no Salmo 85.6, quando a oração por avivamento é precedida da palavra: "Porventura....". Reavivamento é algo colocado no âmago da Soberania de Deus, não é produzido pelo homem. Contrição é dever, sempre. Acolhimento e perdão, é misericórdia divina. Jerônimo, indica que as pessoas se inclinam a dois extremos: "desespero, em função da grandeza dos seus crimes; ou insensibilidade, ante a divina clemência". [10] A expectativa na incerteza é elemento que introduz um lampejo de esperança no caráter misericordioso de Deus, evitando o desespero; e, ao mesmo tempo, impede a insensibilidade, pois traz à realidade a justiça e iminência do julgamento divino. Oferta de Libação - manjares, mantimentos que haviam sido destruídos pelo gafanhoto (vide 1.9 e 1.13 - a devastação era tal que nem mesmo o suficiente para as ofertas havia no meio do povo). Notem a aparente contradição, mas, ao mesmo tempo, a reveladora colocação do texto: ofertas são oferecidas pelos homens a Deus; mas o texto diz que Deus é que vai mandar os manjares e mantimentos que resultarão em ofertas oferecidas a ele próprio. Mais uma vez temos a indicação de que tudo provém de Deus, até mesmo a forma e motivação de adoração a ele.

3. A noção da GRAÇA de DEUS reflete-se em reavivamento verdadeiro e visível. Este é solene, envolve o Povo de Deus e muda as prioridades de vida (vs. 15-16).

15 Tocai a trombeta em Sião, promulgai um santo jejum, proclamai uma assembléia solene.

16 Congregai o povo, santificai a congregação, ajuntai os anciãos, reuni os filhinhos e os que mamam; saia o noivo da sua recâmara, e a noiva, do seu aposento.

A igreja que tem a noção da Graça de DEUS experimenta reavivamento verdadeiro que se estende além da esfera individual. É a convicção gerada pelo Espírito Santo de Deus que atinge a pessoa e o Povo de Deus, em um sentido mais amplo - regional, nacional. O reavivamento verdadeiro verifica a necessidade de se lidar com a postura individual, de rejeição a Deus, e com o pecado corporativo de ignorar o preservador da vida e doador de todas as bênçãos. A chamada é para todo o povo. Já havia soado duas vezes antes, neste capítulo (1.14a e 2.1) : "Tocai, promulgai, proclamai". A proclamação não é uma demonstração ou um show de sinais e maravilhas, mas uma convocação ampla à contrição e à busca a Deus. Não é um espetáculo para entretinimento dos participantes, mas uma "assembléia solene", na qual a seriedade de Deus é constatada e a insignificância nossa é evidenciada. O Povo deve ser congregado e a congregação santificada. Desde os mais velhos ("os anciãos") até os que ainda se amamentam devem estar presentes. Ninguém está isento desta chamada. As coisas mais prioritárias, como o andamento de um casamento, são suspensas para atender ao dever maior de reconciliação com o Deus Santo.

4. A noção da GRAÇA de DEUS no seio do seu povo é demonstrada pelo envolvimento, em uma forma toda especial, da liderança (v. 17).

17 Chorem os sacerdotes, ministros do SENHOR, entre o pórtico e o altar, e orem: Poupa o teu povo, ó SENHOR, e não entregues a tua herança ao opróbrio, para que as nações façam escárnio dele. Por que hão de dizer entre os povos: Onde está o seu Deus?

A liderança mostra contrição ("chorem os sacerdote, ministros do Senhor..."). A liderança se concentra em oração ("... entre o pórtico e o altar, orem"!). A liderança se preocupa com a Igreja ("poupa o teu povo, Senhor'). A liderança se preocupa com o testemunho ("...para que as nações façam escárnio dele..."). Uma grande ênfase, aqui colocada, é na intercessão - os líderes intercedendo pelo Povo. Nas sombras do Antigo Testamento essa intercessão e intermediação era do Sacerdote. Os nossos líderes, presentes, deveriam estar em intercessão pelo Povo de Deus. Entretanto, na revelação completa neotestamentária, a intermediação é por Cristo Jesus. O Espírito Santo é o condutor de todo o processo, mas a intermediação é de Cristo. O Espírito Santo é glorificado quando Cristo é glorificado. O Espírito Santo não fala de si mesmo, muito menos em reavivamentos. Ele não é invocado, muito menos em reavivamentos. Ele á a base e força de nossa invocação do FILHO, para que nos socorra. Esta é a instrução divina. Este é o maravilhoso plano divino.

Nos dias de hoje verificamos uma falta de entendimento, no campo evangélico, de que o trabalho do Espírito Santo é revelar o Filho.

Nesse sentido, temos várias declarações explícitas de Jesus Cristo, sobre a forma de atuação do Espírito Santo. Em Jo 14.26 Jesus diz: "o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar tudo o que vos tenho dito". A atividade aqui descrita do Espírito Santo é, portanto, ensinar e fazer lembrar as coisas que Jesus Cristo disse, isto é: testemunhar da pessoa e obra de Cristo. Esta declaração teve um sentido todo especial e temporal para os apóstolos que, posteriormente, tiveram de pregar e registrar os fatos relacionados com a vida de Cristo.

Em Jo 16.14 lemos: "Ele me glorificará porque há de receber do que é meu, e vo-lo há de anunciar". A glorificação é à pessoa de Cristo. A anunciação que o Espírito Santo faz é da obra e da mensagem de Cristo. Disso faz parte, também, o trabalho regenerador do Espírito Santo na conversão dos descrentes.

O Espírito Santo não trabalha, portanto, independentemente da obra de Cristo, como pregam todos aqueles que enfatizam o culto ao Espírito Santo e acabam por desviar os olhos dos fiéis da pessoa de Cristo. O Espírito Santo não vem como "uma segunda bênção", nem vem realizar fenômenos sem sentido ou fora do contexto revelador de Cristo, tais como curas espetaculares, risos santos, quedas, urros, dentes de ouro ou quaisquer outras maravilhas glorificadoras dos homens que as realizam. Ele vem selar o trabalho de Cristo na vida do crente, abrindo-lhe o coração à conversão, batizando-o com a abençoada regeneração, fazendo morada no coração de todos os salvos, promovendo a comunhão cristã, edificando o Corpo de Cristo, iluminando o entendimento e operando o crescimento em santificação.

Muitas distorções e heresias históricas ocorreram porque essa atuação do Espírito Santo, revelada na Palavra, não foi compreendida. Entre elas podemos citar o Montanismo, já no segundo século D.C., que, colocando toda a ênfase da fé na pessoa do Espírito Santo, procurava as suas manifestações sobrenaturais através de profetas e profetizas, que se contrapunham aos líderes eclesiásticos de então. [11] O Montanismo, com outros exageros teológicos e escatológicos que o caracterizaram, tem sido considerado pela Igreja não como um movimento genuíno de reavivamento espiritual, mas como uma perigosa heresia da época.

Semelhantemente, muitas distorções contemporâneas são fruto de idéias de pessoas, querendo "melhorar" o que Deus estabeleceu em sua perfeição e em Sua Palavra. Assim fazendo, elas superenfatizam a terceira pessoa da Trindade, praticamente tornando a pessoa e o trabalho de Cristo secundários às ações do Espírito Santo. [12]

5. A igreja que tem a noção da GRAÇA de DEUS experimenta a misericórdia do Senhor (v. 18).

18 ¶ Então, o SENHOR se mostrou zeloso da sua terra, compadeceu-se do seu povo.

Experimenta o zelo, demonstrado no julgamento (Hb. 12.6 - "... pois o Senhor corrige ao que ama, e açoita a todo o que recebe por filho"). Experimenta a misericórdia e paz que advem do Deus amoroso, quando ele mostra compaixão por nossa situação ("...compadeceu-se do seu povo").

Aplicação Final:

Qual deve ser nossa compreensão? Não devemos, portanto, nos enganar, quando nos apresentam notícias do "Grande Reavivamento" que atravessamos. Muitas vezes as estatísticas impressionam, os relatos são animadores, as maravilhas procuram calar os céticos; mas devemos examinar todas as coisas, todos os ângulos e, especialmente, a saúde e testemunho da Igreja - como anda este? Estamos, entretanto, de um grande segmento da Igreja que perdeu a noção do que é a Graça do Senhor.

Não podemos, como indivíduos, perder essa noção da Graça de Deus e sairmos procurando os sinais externos que aparentam Graça, mas que refletem a curiosidade e busca humana pelo inusitado e extraordinário. Quando procuramos a Graça de Deus por vias humanas, estamos, na realidade, nos afastando dela.Devemos, como igreja e Povo de Deus almejar andar dentro dos seus caminhos. Podemos e devemos orar para não perdermos a noção da Graça de Deus. Não temos o ensino que devemos operar a ação extra-natural do Espírito Santo, para andarmos em santidade e contrição de vida.

Pb Solano Portela
Fonte: http://www.solanoportela.net/palestras/perigos_igreja.htm