terça-feira, 14 de outubro de 2008

BATISMO COM ESPÍRITO SANTO E COM FOGO



“E eu, em verdade, vos batizo com água, para o arrependimento; mas aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu; cujas alparcas não sou digno de levar; ele vos batizará com o Espírito Santo, e com fogo”.
Em sua mão tem a pá, e limpará a sua eira, e recolherá no celeiro o seu trigo, e queimará a palha com fogo que nunca se apagará.
(Mt 3:11,12)

Foi necessário que João apresentasse esse contraste, pois o povo já começava a indagar se por ventura ele não seria o Cristo (Lc 3.15; cf. Jo1:19,20; 3:25-36). Portanto, João está dizendo que o contraste entre ele e aquele que cronologicamente vinha após ele era tão grande, João, nem mesmo era digno de desatar (isso somente em Mc 1.7 e Lc3.16), tirar e levar as sandálias de seu sucessor; equivale dizer que para alguém tão grande, ele próprio nem mesmo era digno de prestar serviços de um escravo. É verdade que no caminho da vida, Jesus, não somente em seu nascimento, mas no início do seu ministério público, vieram após João (Lc 1.26,36; 3.23). Porém, entre Cristo e João havia uma diferença qualitativa como a que existe entre o infinito e o finito, o eterno e o temporal, a luz original do sol e a luz refletida da lua (cf. Jo 1.15-17).

João batiza com água; Jesus batizará com o Espírito. Ele fará com que seu Espírito e os dons que procedem deste venham sobre seus seguidores (At 1.8), sejam derramados sobre eles (At 10.44; 11.15).

Ora, é verdade que todas as vezes que uma pessoa é retirada das trevas e posta na maravilhosa luz de Deus, ela está sendo batizada com o espírito Santo e com fogo. Calvino ao comentar Mt 3.11, chama atenção para o fato de que Cristo é quem concede o Espírito de regeneração, e que, como fogo, esse Espírito nos purifica retirando a nossa imundícia. Contudo de acordo com as próprias palavras de Cristo (At 1.5,8), lembradas por Pedro (At 11.16), num sentido especial dessa predição se cumpriu no dia de pentecostes e com a era que ela introduziu. Foi então que, pela vinda do Espírito, as mentes dos seguidores de Cristo foram enriquecidas com a iluminação sem precedentes (1 Jo 2.20); suas vontades se fortaleceram, como nunca antes, com uma animação contagiante (At 4.13,19,20,33; 5.29); e seus corações se inundaram com uma afeição ardente a um grau até então desconhecido (At 2.44-47; 3.6; 4.32).

A menção do fogo (“Ele os batizará com o Espírito Santo e com fogo”) ajusta essa aplicação ao pentecostes, quando “apareceram línguas repartidas como de fogo, pousando sobre cada um deles” (At 2.3). A chama ilumina. O fogo purifica. O Espírito faz as duas coisas. Não obstante, pelo contexto (anterior e posterior, ver vv.10 e 12) e pela profecia de Joel referente ao pentecostes (Jl 2.30; cf. At 2.19), considerada no contexto desse último, (ver Jl 2.31), parece que o cumprimento final das palavras de João aguarda a segunda vinda gloriosa de Cristo para purificar a terra com fogo (2Pe 3.7,12; cf. Ml 3.2; 2Ts 1.8).

Nas escrituras com freqüência o fogo simboliza a ira. Mas o fogo também indica a obra da Graça (Is 6.6,7; Zc 3.9; Ml 3.3; 1Pe1.7). Portanto, não é estranho que esse termo possa ser usado num sentido favorável como indicativo das bênçãos do pentecostes e da nova dispensação, e num sentido desfavorável como indicativo dos terrores do futuro dia do Juízo. É Cristo quem purifica os justos e expurga a terra de suas escórias – os ímpios. Além disso, se os profetas do antigo testamento, por meio da perspectiva profética, combinam entre si eventos que correspondem a primeira vinda de Cristo (tomada em seu sentido completo, incluindo o pentecostes) com os da segunda, porque não se pode atribuir a mesma característica também ao estilo de João Batista, que de muitas formas se parecia com esse profeta? Portanto, é evidente que é forte o argumento em favor da interpretação segundo a qual a palavra fogo, aqui em 3.11, se refere tanto ao pentecostes como ao juízo final.

O caráter razoável da explicação, segundo o qual o batismo com fogo inclui uma referencia ao juízo final, também se faz evidente pelo V.12, que igualmente se refere aquele grande dia. Ele tem pá de joeirar em sua mão, e limpará completamente sua eira. A figura subjacente é de um espaço liso onde se limpa o trigo. Esse espaço tanto pode ser natural como artificial. No primeiro caso, é a superfície plana de uma rocha no cume de uma colina, exposta ao vento. Se é o segundo caso, é uma é uma área semelhante exposta de uns dez a quinze metros de diâmetro, a qual era preparada das pedras do solo umedecendo-o e socando-o até ficar compacto e liso, fazendo o centro mais baixo que as bordas, cercando as extremidades com pedras com o fim de reter o grão dentro. Primeiro os dois pisam as espigas com o grão (trigo ou cevada), aquele porção que foi espalhada nessa área, puxando uma espécie de trenó em cujo fundo são postas pedras por meio das quais os grãos são separados dos talos. A moinha, ( o que fica da espiga, a casca do grão, o restolho, pequenos pedaços de palha) ainda permanece misturada com os grãos. Então começa o processo de joeiramento referido no versículo 12. Porção após porção, o grão debulhado é lançado ao ar por meio de uma pá equipada com dois ou mais garfos, permitindo que o vento da tarde, que geralmente sopra do mediterrâneo durante os meses de maio a setembro, leve a moinha. O grão, mais pesado que a moinha, cai verticalmente na eira. Assim o grão é separado da moinha. A obra de joeiramento não para enquanto a eira estiver completamente limpa.

Da mesma forma, Cristo limpará completamente sua eira, ou seja, o lugar onde Ele, em sua segunda vinda, executara o juízo. Ninguém escapará de sua detecção. Mesmo agora ele já se acha completamente equipado com tudo que necessita para a realização da tarefa de separar os bons dos maus.
Prossegue: Ele recolherá o grão no celeiro, porém queimará a palha com fogo indistinguível. Voltando outra vez a figura subjacente, o grão descascado e joeirado é conduzido ao celeiro; literalmente, ao lugar onde as coisas são guardadas (ou armazenadas).
O grão é armazenado em virtude de ser algo muito valioso, muito precioso. Da figura subjacente passamos para a realidade. Até mesmo a morte dos crentes é descrita nas escrituras de uma forma mui consoladora. Ela “é preciosa aos olhos do Senhor” (Sl 116:15); é ser “levado pelos anjos para o seio de Abraão” (Lc 16.22); é ir ao paraíso (Lc 23.43); é uma bendita partida (Fl 1.23)
Uma vez mais voltamos a figura subjacente. Do Grão passamos agora a moinha (palha). Esta, tendo caído nalgum lugar ou lugares, Lange do grão é recolhida e queimada. Assim também sucede com os ímpios: separado dos bons serão lançados no inferno, lugar onde o fogo não se apaga. Ali o seu castigo é interminável. Não se trata propriamente de que há sempre um fogo queimando na Geena, e, sim, de que os ímpios são queimados com fogo inextinguível, o fogo que foi preparado tanto para eles como para o diabo e seus anjos (Mt 25.41). O seu verme nunca morre (Mc 9.48). A sua vergonha é eterna (Dn 12.2). Eternas também são as suas prisões (Jd 6.7) serão atormentados com fogo e enxofre... e a fumaça do seu tormento sobe pelos séculos dos séculos, de modo que não tem descanso nem de dia nem de noite (Ap14.9-11;19.3; 20.10).

Fonte:
Extraído do comentário do Novo testamento/ Mateus Vol 1/ Mt 3.11,12/ William Hendriksen. Editora Cultura Cristã.

2 comentários:

Anônimo disse...

A paz Pr. Davi,

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ELAINE CRISTINE disse...

PAZ DO SENHOR!!!
QUE NUNCA FALTE A UNÇÃO CADA VEZ QUE ANUNCIE A PALAVRA DO SENHOR.
UM GRANDE ABRAÇO.