domingo, 30 de novembro de 2008

BEM-AVENTURADOS OS QUE CHORAM


Bem-aventurados os que choram
Mateus 5. 4

Iniciamos uma série de estudos sobre as bem-aventuranças. Já falamos sobre como são Bem-aventurados os humildes de espírito. Bem-aventurados - são os felizes, abençoados. Não no sentido humano de felicidade que, em geral, nos remete ao bem-estar, mas num sentido de humildade, contrição e reconhecimento da dependência de Deus..

As bem-aventuranças revelam quem são felizes aos olhos de Deus.
A verdadeira felicidade inclui aquele bem-estar associado à correta relação do homem para com Deus.

Felizes os que choram, pode nos parecer contraditório, mas fala de uma atitude, um exercício espiritual, não significa uma expressão de sentimento pessoal por perda. Que atitudes de choro nos tornam felizes?

1) A atitude de choro diante do pecado
Quem não experimentou aquele sentimento expresso pelo apóstolo Paulo: "Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse faço. Ora, se eu faço o que não quero, já não o faço eu, mas o pecado que habita em mim" (Romanos 7.19-20).

Este choro representa o estar profundamente triste com nosso próprio pecado, por isso o lamentamos e sentimos a necessidade de arrependimento.

Foi assim com a mulher pecadora que ungiu os pés de Jesus (Lucas 7.36-38). Uma mulher de má reputação, uma prostituta. Sem ser convidada entrou na casa do fariseu, levando um vaso de alabastro com ungüento, e aos pés de Jesus, "chorando, regava-os com suas lágrimas e os enxugava com os próprios cabelos; e beijava-lhe os pés e os ungia com o ungüento" (v.38).

O choro representa a contrição, arrependimento, fé e humildade, ingredientes necessários para o abandono de uma vida de pecado. Como prova ofereceu em ação de graças algo precioso: o ungüento e suas lágrimas.

Veja esse exemplo de Pedro:
"Então, Pedro, saindo dali, chorou amargamente" (Lucas 22.62). Dessa maneira encerra o relato de quando Pedro nega a Jesus, descrito nos quatro evangelhos, nos dá indícios dos erros preliminares do apóstolo: começou com o orgulho (v.33) e a incredulidade (v.34); desobediência em relação à ordem de vigiar e orar (vv. 40-47); tentou lutar com as trevas com armas carnais (v.50); seguia a Jesus de longe, esquecendo de suas palavras (v.54); amaldiçoa a si mesmo (mentindo para si de si) e aos que o acusavam de mentir (Marcos 14.71). O tropeço na vida cristã é conseqüência de erros anteriores.

O choro é a resposta à lembrança trazida à memória, assim que o galo cantou pela segunda vez. Mais do que o cantar do galo, o olhar do Senhor, fez com que Pedro se lembrasse de suas palavras: "Hoje, três vezes me negarás, antes de cantar o galo" (Lucas 22.61).

Os filhos de Israel perverteram seu caminho e se esqueceram do Senhor, seu Deus. Foram exortados pelo profeta para voltar ao caminho do Senhor. As condições de arrependimento sempre resultam na remoção de santuários e no reconhecimento do direito exclusivo de Deus.
O arrependimento foi expresso em atitudes: "nos lugares altos, se ouviu uma voz, pranto e súplicas dos filhos de Israel" (Jeremias 3.21).


Aqueles que escondem, negam, encobrem ou defendem seus pecados, com certeza estão indo por um caminho errado. Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados. Os que choram pelos seus pecados serão consolados pelo Senhor.

Foi assim com a mulher pecadora que ouviu de Jesus: "perdoados lhes são os seus muitos pecados, porque ela muito amou" (Lucas 7.47) - reconhecer o perdão produz o amor; Pedro ouviu de Jesus: "Eu, porém, roguei por ti, para que tua fé não desfaleça" (Lucas 22.32) - a segurança do cristão é a intercessão de Cristo; do Senhor, seus filhos ouvem: "Voltai, ó filhos rebeldes, eu curarei as vossas rebeliões" (Jeremias 3.22) - o Senhor nos curou através do sacrifício de Jesus.

2) A atitude de choro diante do sofrimento "Inclina, Senhor, os teus ouvidos, e ouve-me, porque estou necessitado e aflito. Alegra a alma do teu servo" (Salmo 86.1,4a). Nesta oração Davi implora o socorro de Deus diante de sua aflição. Teólogos citam que: a segunda bem-aventurança diz respeito aos que estão em aflição. São os que sofrem os contragolpes de um mundo que está ainda sob a ação das forças do mal e da morte.



Jesus ouve o pedido de um pai, Jairo. Ele um chefe da sinagoga, um principal que vem a Jesus reconhecendo ser ele sua única esperança. O pedido era para a cura de sua filha, de 12 anos, que estava à morte (Lucas 8.42). "Tendo chegado à casa. Todos choravam e pranteavam" (vv52). Imaginem o desespero deste pai, a pergunta poderia surgir: Se Jesus tivesse vindo antes isso aconteceria? Todos sofriam a morte de uma criança.

Jesus conhecia este sentimento, chorou a morte de seu amigo Lázaro (João 11.35), no entanto sua orientação a Jairo foi: "não temas, crê somente" (Lucas 8.50).

Herodes manda matar a todos os meninos de Belém e região, de 2 anos abaixo, se cumpre o dito do profeta Jeremias: "ouviu-se um clamor em Rama, pranto e grande lamento, era Raquel chorando por seus filhos e inconsolável porque não mais existem" (Jeremias 31.15).

Este é o choro que expressa o sofrimento causado pela injustiça e perseguição, da mesma maneira que tentaram contra a vida de cristo, o inferno tenta prevalecer contra a vida e expansão da igreja, mas já é vencido.

"Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados". Os que choram diante do sofrimento são consolados pelo Senhor.

3) A atitude de choro diante da missão
Jesus não chorou apenas na morte de Lázaro, em sua entrada triunfal em Jerusalém chorou ao ver a cidade: "Quando ia chegando, vendo a cidade, chorou (Lucas 19.41). O choro de Jesus exprime sua lamentação e maldição por causa da incredulidade do povo, estavam cegos espiritualmente.

Diante da rebeldia do mundo contra Deus, vemos a atitude de choro pelos perdidos. É o preço pago por tantos missionários e missões. É o preço que devemos pagar como cristãos. Preço de uma obra a ser realizada, ainda não concluída: "a seara, na verdade, é grande, mas os trabalhadores são poucos" (Mateus 9.37). Jesus disse isso aos seus discípulos após ver e se compadecer das multidões que estavam aflitas e exaustas.

Este é o exemplo do apóstolo Paulo no exercício de sua missão, ele chorava enquanto trabalhava: (Atos 20.19) - choro em diferentes lugares e circunstâncias; chorava enquanto ensinava: (Atos 20.31) - o choro pelo discipulado pessoal; chorava enquanto escrevia: (2 Coríntios 2.4) - o choro que exprime o amor (Ágape) transbordante; chorava enquanto líder: (Filipenses 3.17a,18) - o choro pelos cristãos nominais.


"Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados". Os que choram pela missão serão consolados pela salvação daqueles que crerem, e será uma multidão de todas as nações, tribos, povos e línguas (Apocalipse 7.9) e pela promessa da nova Jerusalém, a cidade santa, onde a separação em conseqüência do pecado estará superada. (Apocalipse 21.2-3)

ConclusãoNão importa o motivo ou a dor que te faz chorar, mesmo naqueles momentos em que ninguém, por mais que deseje tenha palavras para consolar o seu coração, se você tem Jesus, você é um BEM AVENTURADO, porque ele pode te consolar.

Enquanto estivermos neste mundo haverá choro mas Ele estará conosco todos os dias consolando em todo momento de tristeza através do seu Espírito que é o consolador.

E quando não estivermos mais aqui, há uma esperança para os que estarão com Ele. É a promessa de que ele enxugará dos olhos toda lágrima.

O choro embora aconteça com freqüência, ele tem um período, o choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã.

Um comentário:

Tita "I Love Jesus!" disse...

Gentil pastor, esse lindo texto comoveu-me. Muitíssimo inspirado e esclarecedor! Choramos sim, pois até o filho de Deus chorou...

Poucas coisas eu sei.
Ainda pouco conhecimento VERDADEIRO tenho,
mas uma coisa posso afirmar com a mais absoluta certeza: Deus não se omite a um pranto sincero, nem deixa sem resposta o pranteador que se humilha perante Ele.
De uma maneira ou de outra, ela vem, ainda que não seja a esperada, mas Ele sabe todas as coisas.
Mesmo quando eu estava no "mundo" e nas horas de desespero lancei meu rosto por terra e implorei misericórdia, Ele me ouviu.

*Na minha opinião, o pranto mais belo e abençoado é o vertido pelos que sofrem perseguição religiosa. Sinto um profundo respeito por essas lágrimas.

Abraços fraternos,

Cintia